Esta segunda temporada de “Dirigir para Viver”, série documental da Netflix, trouxe um olhar diferente da Fórmula 1. Um olhar de quem agora entende como esse universo funciona.
Dessa vez a Ferrari e a Mercedes participaram da produção de maneira direta em seus respectivos episódios, mas apareceram.
A narrativa está mais elaborada com um padrão estabelecido dentro dos episódios, mas fora deles a temporada como um todo ficou confusa. Nos primeiros três episódios vemos um mix de situações com pilotos e equipes diferentes se entrelaçando. A partir do quarto (que narra o GP da Alemanha) a coisa muda de figura e vemos histórias mais centrais sendo contadas com início, meio e fim, com protagonistas definidos.
Pode-se interpretar que os três primeiros episódios foram apenas uma introdução para a season tomar forma.
As estrelas continua sendo as mesmas: Daniel Ricciardo, Chris Horner e claro Gunther Steiner. Esse último em particular, parece se manter na Fórmula 1 sendo bancado pela própria Netflix, o canal de streaming ADORA ele. Brincadeiras à parte, mais uma vez Steiner roubou a cena da forma mais natural possível. Toto Wolff se juntou ao grupo, mesmo não sendo tão ativo na série, o chefe da Mercedes tem jeito de protagonista.
Essa segunda temporada também adotou um tom mais íntimo, os cortes para a vida privada dos pilotos e chefes foi bem mais aproveitada. Além disso, momentos mais emotivos devem fazer os fãs mais sensíveis chorarem.
Eles continuam seguindo o padrão de depoimentos fora do paddock e não falharam nas escolha dos títulos de cada episódio, deu muito certo!
De maneira particular cada individuo pode achar algo ruim ou que não foi de seu agradado, talvez o piloto favorito não apareceu tanto ou eles não contaram uma história a parte. Contudo, Drive to Survive é um grande presente para os fã da Fórmula 1.
Se você não assistiu PARE AQUI, texto a segui contém spoiler!
Particularmente eu gostei muito mais dessa temporada do que da anterior, mesmo que tenha faltado algumas coisas.
Selecionei quatro episódios em particular para comentar.
Dias difíceis (02s04):
Com certeza foi um dos episódios mais aguardados pelos fãs da Fórmula 1. O louco Grande Prêmio da Alemanha.
A Netflix não foi boba e usou e abusou da abertura que a Mercedes deu para esse final de semana. O que me surpreendeu e que me deixou bem emotiva, foi a delicadeza que eles tiveram em tratar a morte de Niki Lauda.
Foi uma bela homenagem e de muita importância deixar claro o quanto Lauda foi fundamental para os resultados que a Mercedes tem hoje.
Troca de pilotos (02s06):
E foi aqui que eu me referi quando disse que alguns fãs mais sensíveis iam chorar. Vale começar citando o quanto esse episódios mexeu com a cabeça! Um piloto que perdeu a vaga para outro, mas assistindo a história de vida dos dois, você cria laços e torce para que o Albon se de bem na vaga da Red Bull Racing, mas ao mesmo tempo, sente muito pelo Gasly ter perdido a mesma.
É muito inteligente eles mostrarem que ambos os pilotos tem histórias de vida incríveis e que ambos passaram por adversidades e que tem sonhos. Não é um mocinho e um vilão e sim duas pessoas normais com desejo de vencer no que fazem.
E essa história ambientada naquele terrível final de semana em SPA. Quando eles abriram espaço para o depoimento do Anthoine Hubert eu pausei o episódio, foi muito duro ouvir ele falando dos sonhos dele e saber que nada daquilo se tornaria uma realidade. Eu realmente parei e pensei “eles (Netflix) vão fazer isso com a gente mesmo?” pesou muito no coração!
Contudo, foi uma homenagem muito necessária e bem feita com todo o respeito a Anthoine e sua família.
A cor da Raiva (02s07):
Diferente do episódio da Mercedes, eu achei que a Netflix falhou um pouco com a Ferrari.
Eles mostraram de forma meio corrida e superficial um ano terrível da escuderia e acredito que com tudo que aconteceu e a liberdade que a equipe deu para os produtores, eles podiam ter criado um episódio melhor seguindo uma linha de raciocínio mais cinematográfica.
Bandeira quadriculada (02s10):
Creio que é o sonho de qualquer produtor e roteirista ter em mãos a história de Gasly no final da temporada de 2019. Ter um episódio inteiro ambientado do GP dia Brasil foi mais que merecido.
O francês viveu a famosa “jornada do herói” com aquele segundo lugar. A Netflix conseguiu fazer um bom trabalho com ele.
Em contra partida, eu não senti isso com o Carlos Sainz, acho que a estrutura da série impossibilitou o telespectador criar certa intimidade com a história do espanhol e da McLaren, o que foi uma pena!
Contudo, o resultado final foi bem agradável! Tenho essas e outras ressalvas, mas realmente gostei do trabalho feito dentro dos episódios, ficou muito bom!
E você? Que achou da série? 🙂