[CONVIDADAS GDF1] Cash is king: o olhar crítico para o GP da Arábia Saudita

No ano passado, a Fórmula 1 confirmou a construção de um traçado para a pista de Jedá, na Arábia Saudita. O autódromo parece um sonho de qualquer outro país que recebe a categoria: luxuoso, cheio de entretenimento e à beira mar. Mas, afinal, do que se trata essa ida “de repente” para o país do Oriente Médio e qual o perigo dele?

O fato da pista ser perto do mar certamente é um atrativo para patrocinadores, fãs e todos quando pensam naquele cenário, mas também traz alguns perigos. O principal deles é a poluição. O mar de frente para o autódromo é o mar vermelho que, além de ser um mar importante para a história, por causa da passagem bíblica onde é citado, é moradia de mais de 1000 espécies de invertebrados, 200 de corais e 30 de tubarões.

É um fato que o público deixa muito lixo no autódromo, como pode se ver nas imagens abaixo, o fato do limite da pista ser a areia, deixa tudo isso muito preocupante. A água pode arrastar muito lixo, além de que quem ocupará a arquibancada poder facilmente jogar qualquer coisa no mar e, a cada ano que tiver o GP, ser ainda mais poluído.

A elevação do nível do mar também é um motivo de preocupação, apesar de ser algo que, se afetar, afetará mais para no futuro, a pista, paddock e tudo isso pode ser alvo de enchentes ou até mesmo submerso daqui há alguns anos.

O último e não menos importante: sports washing. Um conceito ainda não muito usado ou conhecido, se refere quando uma pessoa, empresa ou país, por exemplo, usa esportes como uma forma de tirar o foco do histórico insatisfatório de direitos humanos e limpar sua imagem. Na história, isso já aconteceu várias vezes, como na copa do mundo de 1934, na Itália durante o governo Mussolini, a de 2018, na Rússia, entre muitos outros casos. Na Fórmula 1, especificamente, Malásia, Bahrein, Turquia e Azerbaijão são alguns exemplos.

A Arábia tem um histórico ruim com direitos de mulheres, liberdade religiosa, além de ser um dos únicos países que não aceitam a declaração dos direitos humanos da ONU. Isso vem se intensificando cada vez mais e ganhando mais visibilidade. Assim, a cada ano que passa, o país recebe mais eventos esportivos. Alguns exemplos deles são: Revanche pelo título mundial de peso pesado de 2019, Rally Dakar 2020, Gamers Without Borders 2021, além de outros, como a F1.

Obviamente, não vamos deixar de assistir vários eventos esportivos por isso, mas é sempre importante olhar com um olhar diferente, com um olhar crítico, não apoiar isso, mostrar que repudia e, especialmente, não cumprir o objetivo deles, não esquecer do histórico ruim e das pessoas que sofrem todos os dias com a falta de respeito pelos direitos humanos.

Texto por:  Laura Santos

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