Depois de Ayrton Senna

São 25 anos sem Ayrton Senna.

Não é novidade para ninguém, muito menos para os brasileiros, a grandiosidade do tricampeão de Fórmula 1. O país buscou inalcançavelmente alguém tão incrível quanto ele para suprir o vazio do coração, mas até hoje a frase “depois do Senna nunca mais senti vontade de ver Fórmula 1” ainda está na língua do povo.

E existe uma grande curiosidade sobre o que motiva muitos a continuarem a acompanhar a categoria – o Brasil continua sendo o país que mais consome a Fórmula 1 no mundo – mesmo sem um brasileiro em pista.

Os feitos de Senna estão escancarados para quem quiser ver e rever, mas você imagina o que impulsionou jovens de menos de 25 anos a acompanhar o automobilismo?

Confira algumas histórias de quem nasceu sem ver Ayrton Senna da Silva em ação e ainda consegue achar muitos motivos para ligar a televisão todo final de semana com corridas:

“Eu não sei exatamente quando e como foi que comecei a me interessar por Fórmula 1, mas eu me lembro que quando eu era criança meus familiares falavam em tom de nostalgia sobre o Senna, e de vez em quando deixavam a TV ficava ligada durante as corridas. Talvez tenha sido em um desses domingos de almoço em família que eu tenha me sentado em frente a TV e me encantado pelas ultrapassagens e pela adrenalina dos pit stops, é o que eu acho mais provável. O que eu sei é que já tem mais de 10 anos que acompanho a categoria e que duvido que um dia eu abandone essa paixão”. (Paula Barbosa – 22 anos).

Senna continuou contribuindo para que outros jovens começassem a ver a categoria mesmo depois de sua morte. É o caso da Karina, hoje grande fã de Daniel Ricciardo:

“Minha paixão pelo automobilismo nasceu através do meu pai, ele sempre gostou muito de esporte em geral, qualquer tipo mesmo, mas futebol e fórmula 1 sempre foram seus favoritos. A maioria das minhas memórias de infância envolve automobilismo, lembro de acordar domingo de manhã e ver meu pai assistindo e ele me chamava para torcer com ele, na época para o Rubinho. Era o nosso momento juntos e até hoje é. Então era meio impossível eu crescer e não continuar com esse amor, mas eu acredito que mesmo assim minha paixão nasceu através do Senna porque se não fosse ele meu pai não ia ser tão fã de fórmula 1 e ele não iria ter passado isso para mim. Ainda hoje nós que amamos automobilismo devemos muito a ele, ele mudou a forma como assistimos e como torcemos nesse esporte”. (Karina Micheletti – 22 anos).

Também tem aqueles que construíram seu amor pela Fórmula 1 aos poucos. Ewerson já assistia a algumas corridas antes de se intitular um fã de verdade da categoria:

“Quando eu era criança, vi algumas corridas, mas sem me interessar tanto. Schumacher levava todas. Assisti à vitória do Massa em 2006, mas nem isso me fez virar um fã incondicional. Acredito que o sinal verde pra mim, o grande insight, se deu por uma conjunção de 2 coisas: a incrível decisão do título de 2008 e o fato aleatório e simplista de um amigo meu ter ido à minha casa e levado um jogo de F1 pra jogarmos. Percebi assim como este esporte poderia ser incrível e apaixonante. Então desde 2009 procuro ver sempre as corridas, e a 100a vitória brasileira na F1 pelo Barrichello foi o grande momento, inesquecível, daquele ano. E é claro, depois que finalmente me simpatizei com um piloto a ponto de torcer por ele de modo incondicional – Hamilton, desde 2013 – virei outro louco pela F1”. (Ewerson Lima – 22 anos).

A seguinte torcedora teve pais fãs declarados de Ayrton, mas o impulso de acompanhar as corridas não veio deles e sim de si própria:

“Desde pequena meus pais me contavam como o domingo deles era melhor, por ver Ayrton Senna na televisão. Em casa a gente tinha um retrato dele e era como a foto de um parente lembrado com muita saudade.
Eu ganhei um Super Nintendo com cinco anos e a minha fita favorita era a da Fórmula 1, tive a do Nigel Mansell e a do Senna, mas sempre gostei de jogar com o brasileiro, pois tinha medo do cara mal de bigodes.
Meus pais não me incentivaram a gostar da categoria, acredito que foi um amor natural. Na verdade eles me deixaram descobrir sozinha, talvez pela dor da perda. Eu era fascinada por carros e seus barulhos, ficava entretida sempre que via os carrinhos passando pela TV, fora as revistas que as vezes tinham aqueles mesmos carros estampados.

Me lembro de gostar muito do Michael Schumacher na infância, eu amava ver ele comemorando, acho que era por isso que nas Copas do Mundo ‘’eu era Alemanha’’.
Ser fã de Fórmula 1 depois do Senna, foi me auto descobrir e conhecer um mundo de possibilidades. Eu fiquei apaixonada pelo velho e o novo, além de toda a complexidade da categoria. Acredito que foi a possibilidade de torcer livremente que me atraiu, pois eu podia admirar um piloto e acompanhar ele em outro time no ano seguinte, pois isso não era virar a casaca, como acontecia nos times de futebol”. (Debora Santos Almeida – 23 anos).

Não existe dúvidas que a saudades de Senna não diminuiu no coração dos antigos torcedores e sua passagem pela Fórmula 1 deixou rastros para que novos torcedores surgissem, mesmo que seus ídolos sejam outros.

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