Não existe dúvida do talento pessoal de Lewis Hamilton como piloto de Fórmula 1. A conquista de seu pentacampeonato no último domingo é mais uma prova disso. Contudo, a que ponto o inglês esteve de pensar de novo e não seguir a carreira?
O automobilismo de modo geral é um esporte elitista, hoje existem equipe -como a própria Mercedes- que coloca dinheiro na mesa e investe em novos talentos, e mesmo assim a porta da maior categoria a motor não fica aberta.
Para Lewis Hamilton foi mais difícil ainda: negro, classe media e do interior da Inglaterra, sonhar não foi fácil.
O agora pentacampeão relembrou nas entrevista pós Grande Prêmio do México, todo o esforço de seu pai para manter ele no kart: Anthony Hamilton se dividia em três empregos diferentes e era o próprio mecânico do filho e Lewis tinha que se manter em pista correndo com um carro de segunda a terceira mão, enquanto seus concorrentes tinham carros de primeira linha financiados pelos próprios pais ricos.
Todo o esforço poderia ter sido em vão se não fosse a “cara de pau” do menino de dez anos, junto visão de um dos mais respeitados chefes de equipe da F1.
Hamilton naquela idade já mostrava seu talento e ganhava campeonatos. E em um evento na sua cidade natal, ele pode conversar com Ron Dennis. O ponto de virada da carreira do menino sonhador.
“Um dia irei para Fórmula 1 e vou correr na Mclaren”, disse Hamilton.
Ron Dennis puxou seu cartão dizendo “daqui a dez anos me liga!”.
O piloto não precisou nem esperar dez anos, sua audácia chamou a atenção de Dennis e ele mesmo foi atrás de Hamilton.
O contrato foi fechado, o inglês era arrojado, mas muito desequilibrado. Discutiu por querer entrar na categoria já em 2006, mas Dennis quis esperar. Em 2007 chegou colocando ordem para cima do então bicampeão mundial e seu companheiro de equipe, Fernando Alonso. Por erros próprios não conquistou seu primeiro campeonato já no ano de sua estreia.
Contudo, em 2008 o título veio! O bicampeonato foi só depois de desfazer o laço com seu pai e Ron, partindo para uma nova aposta: a Mercedes. Cinco temporadas separarem seu primeiro campeonato do segundo, mas durante todos esses anos, Hamilton não esteve fora de disputa. É o único piloto a ganhar ao menos uma corrida em todas as temporadas em que esteve.
Tem o recorde de poles e de mais presenças no pódio comparado ao número de corridas disputadas. Está a 20 vitórias de alcançar o maior vencedor da F1, Michael Schumacher. E ontem conquistou o pentacampeonato, no que considera-se o melhor ano da carreira de Hamilton.
Um história indiscutível de talento, arrojo e crescimento mental.
Imagine se Lewis Hamilton não tivesse uma família dedicada, um sonho e uma mão estendida?
O que o mundo teria perdido de ver? O que talvez o mundo já não perdeu!