O automobilismo é um esporte coletivo e individual. Não existe um carro sem uma equipe e não existe uma equipe sem um piloto para pilotar aquele carro (por mais que falácias como “o carro faz tudo sozinho” existam).
No último domingo (26) na corrida da Rússia, nós tivemos mais um daqueles episódios de decisões e jogadas de equipe. Contudo, nos últimos giros da prova a relação piloto+engenheiro foi o ponto crucial de quem se daria bem ou mal no final.
Dois pilotos estavam lutando pela liderança do Grande Prêmio de Sochi quando a chuva surgiu: Lando Norris e Lewis Hamilton, ambos quiseram permanecer em pista mesmo com alguns pontos molhados no circuito russo. A diferença foi na reação final, o heptacampeão entrou para trocar os pneus e o piloto da McLaren permaneceu no asfalto, o que lhe custou não só a liderança que vinha construindo nas últimas horas, como muitas outras posições.
Para os fãs fica claro que um escolheu o certo e o outro o errado, mas o interessante desse esporte de estratégias é buscar mais sobre, e é neste ponto que a relação piloto-equipe entra.
Norris está criando um forte laço com a equipe britânica, que já foi a casa de Hamilton, e a maioria aposta que ele será campeão pelos “papayas” no futuro. Entretanto, na contramão temos o maior ganhador da categoria em uma relação de quase nove anos com seu engenheiro Peter Bonnington (conhecido como Bono). A transmissão de mesangens, trocas de informação e até confiança são diferentes.
Isso garante o sucesso sempre? Com certeza não, mas na maioria das vezes sim e de maneira mais tranquila.
Enquanto os rádios de Norris tinham problemas de “ruído” com ambos os lados não dando informações claras e fazendo mais perguntas que ordens, é difícil ter uma certeza das coisas naquelas condições.
Por outro lado, Bono conseguiu convencer Hamilton de entrar no pit lane após duas negativas. Ele não só foi mais seguro nas afirmações, como joga com direto com o piloto da Mercedes que decidiu entrar para a troca depois que o engenheiro disse “Norris está sendo ultrapassado por Mazepin”. Por algum motivo, aquela informação fez Hamilton confiar na previsão de seu engenheiro e entrou no box (ainda reclamando).
A previsão de Bono era a correta e a chuva apertou depois, Norris ficou com os slicks e saiu prejudicado. Claro que além dessa conversa, a Mercedes fez seu papel de equipe com Bottas, colocando os intermediários para ver o desempenho antes da maioria dos demais pilotos, mas esse é outro ponto mais a fundo do trabalho de equipe de um time dentro da Fórmula 1.
Após esse episódio é possível esperar que tanto equipe e piloto tenham aprendido com suas decisões e que essa relação melhore e uma comunicação mais clara no futuro surja. Esse esporte já provou que são com nesses momentos que se criam grandes parcerias, afinal foi errando que Lewis Hamilton se tornou o único piloto da história a chegar a marca de 100 vitórias na Fórmula 1.