Rachel Loh e sua vida como engenheira da Stock Car

No esporte a motor é costumeiro expor o rosto do vencedor como indivíduo solitário, piloto e máquina. Contudo, na prática isso não existe! Um piloto não é nada sem sua equipe e Rachel Loh faz exatamente esse papel, longe de exibir seu rosto as câmeras, trabalha como engenheira de Bia Figueiredo na Ipiranga Racing e faz seu melhor para que sua equipe conquiste todo o possível.

No mesmo dia que  conversei com Bia Figueiredo, eu tive a oportunidade de falar com sua engenheira Rachel, e diferente do que imaginava, ela se mostrou a pessoa mais calma e alegre do mundo.

É de se esperar que em um esporte tão competitivo, que todos os resultados são de muita importância para uma conquista futura, a engenheira da piloto esteja com a cabeça naqueles números e como trabalhar para melhora-los. Não que Rachel estivesse dispersa, ela apenas entrou naquela sala e deixou aquelas questões fora de nossa conversa e focou no que eu falava.

Depois de mais de vinte minutos de uma conversa divertida e descontraída, as coisas não poderiam dar errado para eu escrever o texto a seguir. Porém, meu celular me pregou a peça de não gravar a conversa que tivemos.

A sorte é que ela foi tão boa que continua fresca na minha memória.

 

Engenharia, automobilismo e família

Sentada a minha frente e com muita simpatia Rachel Loh começou a contar sua história de vida.

A escolha de se graduar em engenharia veio do desejo de seguir a mesma carreira que o pai, mas Loh não estava realmente gostando do rumo dentro da sala de aula, então antes de desistir ou então continuar para agradar os pais, ela entrou em um projeto de desenvolvimento de veículos. Questionei se ela já tinha alguma proximidade com o automobilismo e para minha surpresa, não tinha! Contudo, aquele trabalho extraclasse fez a paixão de Rachel pela engenharia e carros surgir.

A partir daquele momento ela só cresceu na carreira, e desde que entrou no ramo automobilístico nunca mais saiu. Já pulando toda as etapas da entrevista perguntei se ela pensava no futuro, em trabalhar em outra categoria que não a Stock Car; a resposta foi direta, “não, sou muito realizada quero me aposentar aqui”. Qualquer um que olhasse para o rosto dela após tal afirmação teria certeza de suas palavras, Rachel Loh é realizada profissionalmente.

Bate-papo com Rachel | @Alexandre Kacelnik

Ser a única engenheira mulher em meio a tantos homens, não a assusta nem um pouco! De acordo com Loh a faculdade foi uma mostra do que a vida lhe traria, como é de costume -infelizmente- a presença das mulheres em cursos de exatas é bem menor que a dos homens, além disso, o projeto que a impulsionou para seguir a carreira tinha só ela de mulher.

Perguntei sobre a Fórmula 1, se em algum momento ela idealizou trabalhar na principal categoria do automobilismo e a resposta foi afirmativa, mas logo descartada “sim, parecia incrível estar trabalhando com a F1, viajar por todos aqueles países, mas a verdade é que meu trabalho não me daria a oportunidade de conhecer esses lugares e eu queria construir família”.

A engenheira que trabalha na área a mais de quinze anos, é casada e tem uma filha pequena, desde o início do relacionamento ela deixou claro para o marido que a vida dela era aquela, de viajar semana após semana. E deu certo! Rachel sai para trabalhar enquanto seu parceiro fica com a filha. Quando questionei sobre com o que ele trabalhava a conversa ficou mais interessante ainda, “ele trabalha no ramo alimentício, faz biscoitos”. Uma total inversão de valores sociais impostos para homens/mulheres.

Que incrível história de vida.

O fato dela ser a única engenheira mulher na Stock, trabalhando com a única piloto mulher da categoria, foi uma questão de destino. Bia até então não corria para a Ipiranga, e quando entrou para a equipe quem estava a sua disposição era Rachel e tudo está saindo muito bem com a dupla. A meta é colocar a piloto entre os vitoriosos da temporada, um longo caminho de estratégias, melhorias e desenvolvimento que Rachel Loh parece pronta para ajudar.

Depois de já ter me despedido de Loh, Alexandre Kacelnik, assessor da equipe, fez mais uma pergunta: “e seu pai? apoiou sua carreira?” ela riu e contou que o pai, falecido em 2014, nunca deixou de dizer que ela tinha que fazer outra coisa que aquilo não era trabalho “de verdade”. Contudo, eu terminei aquele bate papo com a certeza que seria impossível ele não estar orgulhoso da carreira da filha.

 

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